sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O Espírito de Natal

 
 

Adivinhem… AMO o NATAL!!! Quem não AMA o Natal? (também já devem ter reparado que gosto muito de começar os meus textos com perguntas retóricas…).

É verdade que o Natal de hoje não é igual ao Natal de “ontem” e não será, com certeza, igual ao Natal de “amanhã”! TUDO está sempre e irremediavelmente em constante metamorfose!

Quando a minha mãe era pequena, o Pai Natal não vinha dar presentes às crianças. Era o menino Jesus que lhe deixava uns chocolatinhos nas meias. Era uma família pobre, tal como o eram a maioria das famílias de Portugal, nesses tempos.

A minha mãe diz-me que a noite de Natal era praticamente igual às outras noites e ela e a minha tia não o lamentavam porque, numa aldeia do interior, nem sonhavam poder existir outro Natal, senão aquele.

Eu tive uma infância diferente. Nunca me disseram que o Pai Natal existia mas já recebi brinquedos e, muitas vezes, reuníamos toda a família na consoada! Nessas noites, a família sentava-se, alegre, em volta da mesa, e nós, crianças, ficávamos doidas de excitamento por estarmos juntas e pelo nervosismo de abrir os presentes.

Essas noites permanecem na minha memória quase de uma forma mística pois há imagens na minha mente que eu nem sei se são reais ou uma fantasia que eu criei, baseada nas memórias de infância! Só sei que esses cheiros, esses sabores, esses sons, me fazem feliz e Graças a Deus, posso revivê-los todos os anos, ainda que de forma diferente!
O calor do lar; as luzes a piscar; músicas e filmes de natal; o cheiro das rabanadas e da carne assada; o brilho dos papéis de embrulho e dos chocolates; o frenesim dos preparativos da consoada e da família reunida; o excitamento pela chegada do Pai Natal (que queria tanto, tanto que existisse, que até pensava que os meus pais podiam estar enganados); as figuras do presépio; as montras e as luzes de natal; a Missa do Galo (a que eu nunca fui); o anúncio televisivo do “Azeite Galo”; o cheiro das lareiras nos lares e das fogueiras acesas no centro de muitas aldeias do país; o frio e as roupas quentes. Estas são as minhas memórias do Natal. Cada um tem as suas! Quais são as suas?
Não alimento nenhum tipo de romantismo pelo Natal da infância da minha mãe. Acredito que não é a pobreza que faz alguém feliz assim como também não é a riqueza que traz felicidade, só por si!

A minha mãe teve uma infância feliz e se assim o foi, tal não se ficou a dever a ser pobre mas sim a ter uns pais maravilhosos! Como eu também os tenho e como também faço tudo para que os meus filhos possam ter. Isso sim é da inteira responsabilidade, minha e do meu marido!
Não tenho nada contra a abundância! Se o exagero é uma má consequência dessa abundância, acredito que cada pessoa tem o discernimento necessário para gerir os recursos de que dispõe (ainda que possa não fazer uso dele). O que me preocupa, realmente é quando as pessoas não têm recursos para gerir. Isso sim preocupa-me muito. Preocupa-me também a indiferença pela dor e a obsessão pela competição.

É um “cliché”, na atualidade, criticar o Natal de Hoje. É vulgar incriminar o Pai Natal pelo consumismo desenfreado, pelo materialismo e por ser ter esvaziado o Natal do seu verdadeiro significado.

Não tenho nada contra o São Nicolau, que não é senão, um grande exemplo de generosidade e de amor pelo próximo! Se ele, originalmente, se vestia de verde e hoje, de vermelho, isso é-me indiferente! Gosto dele, vestido seja de que maneira for! Acho maravilhosa essa fantasia que se criou de ele vir de longe, num trenó puxado por renas e de trazer presentes para todos os meninos do mundo inteiro! Quem me dera que que isso fosse verdade e que todos os meninos tivessem Noite de Natal.

Na vida de qualquer ser humano, existe um conjunto de necessidades que precisam de ser satisfeitas, numa determinada ordem.

Precisamos de nos alimentar, de nos vestir, de ter um lar e de ter o amor de uma família.

Precisamos de ter sonhos e de ter acesso a cuidados de saúde e ao ensino para podermos ter condições de lutarmos por esses sonhos.

 Precisamos de ter uma infância feliz, fértil de fantasias, de aventuras e de proteção para sermos adultos equilibrados e fortes.

Precisamos de tradições que nos façam sentir que pertencemos a algum sítio, que fazemos parte de uma comunidade e que queiramos transmitir aos nossos filhos para que eles possam também guardar essas memórias nos seus corações!

Agora eu sou adulta e tenho filhos. Cabe-me a mim proporcionar-lhes “a experiência” do Natal!

Acho que praticar o bem é algo em que nos devemos empenhar sempre e devemos fazê-lo, simplesmente porque sim! Partilhar e fazer bem ao próximo, é algo que incuto ao meu filho mais velho o ano inteiro. Mas, canções de Natal; prendas debaixo da árvore; a casa enfeitada; histórias de Natal e da Natividade e o Pai Natal, a bater à porta, carregadinho de presentes para todos os meninos da família, é algo que só acontece uma vez no ano!

Quanto a mim, os recursos materiais são secundários. As prendas e a fartura na mesa são só uma "fatia" do enorme "bolo" que é o Natal! O que faz um Natal ser um “Feliz Natal” é quando temos família que amamos e somos felizes ao vê-la sorrir!

Se há pessoas que gostam de gastar muito dinheiro (e podem fazê-lo); se há quem não durma para ter tudo pronto a tempo, isso é com cada um! Temos é que saber ser felizes mas isso é, de resto, um exercício em que nos devemos empenhar todos os dias!

O dinheiro escasseia? A tia-avó é uma chata? Os doces engordam? Receber prendas feias é uma chatice?... Qual é a novidade? A vida não é perfeita! Há-que, no meio da imperfeição, saber ser feliz e ter, dentro de nós, o espírito de Natal para que O possamos viver!

Feliz Quadra Natalícia para todos!
 
 
 
 
 
 

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