terça-feira, 6 de outubro de 2015

56 meses a amamentar!!! (com uma pequena interrupção de 6 meses)

Esta é a Semana Mundial do Aleitamento Materno, o que para mim, que amamento quase ininterruptamente há mais de 4 anos e meio, é motivo de grandes celebrações, foguetes e fogo de artifício!




Na minha família há um grande historial de mulheres que não  conseguiram amamentar os seus filhos.


Antes de planear ser mãe, não pensava muito no assunto mas, assim que comecei a pensar mais seriamente na maternidade, tive logo a certeza absoluta que iria fazer das tripas coração para inverter a minha tendência familiar.


Já sabia dos benefícios inquestionáveis a curto, médio e longo prazo para a saúde do bebé; já sabia dos benefícios para a saúde da mãe e amava a ideia do contacto mãe/bebé proporcionado pela amamentação assim como o gigantesco laço de afeto proporcionado por tal experiência...


Não há nada mais belo que um bebé alimentar-se da sua mãe... é a Natureza no seu expoente máximo de esplendor e perfeição.


Quando engravidei do primeiro piolho, comecei logo a ler muito sobre o tema da amamentação. De tudo o que li, o que reti foi que praticamente todas as mães conseguem amamentar. Só em raras excepções é que isso não e de todo possível.

À medida que me fui informando, passei a ser fã da Amamentação Exclusiva até aos 6 meses e, a partir daí, da Amamentação Prolongada






Durante a gravidez, tive também aulas de preparação para o parto, que contribuíram para me munir de confiança e de mais conhecimentos para, entre outras coisas, conseguir amamentar.


Ou seja... durante os 9 meses da gravidez, entretive-me a fazer uma lavagem cerebral de modo a acreditar piamente que ía ser capaz de amamentar ao contrário do que tinha acontecido, por exemplo, com a minha mãe e com a minha avó.


A minha atitude era autenticamente "Yes, you can!" E realmente consegui. Ainda que não tenha sido tão fácil como eu planeava...


Mal o piolhinho nasceu, dei-lhe logo de mamar.


No entanto, nos primeiros dias deparei-me logo com várias dificuldades. Muitas dores nos mamilos, um valente hematoma (resultado de um primeira pega mal conseguida) e um colostro que não era o suficiente para saciar a fome do meu gordochinho.


Embora passasse o tempo toda a dar-lhe de mamar, como via que não era o suficiente, fui-lhe dando suplemento com uma pequena colher, para ele não se habituar à tetina do biberão.


Felizmente, quando se deu a subida do leite, ele passou a ser alimentado exclusivamente pelo meu leite.



Com uma semana de vida foi à primeira consulta do Pediatra e, quando foi à consulta do primeiro mês, confirmou-se que a mama era o suficiente uma vez que o aumento de peso entre a primeira semana e o térmito do primeiro mês era adequado.

E pronto... a partir daí foi só continuar!


Sempre dei de mamar livremente, sem horas fixas, sem tempos fixos.


Os meus bebés sempre mamaram quando lhes apeteceu... ora porque tinham fome, ora porque tinham sono, ora porque precisavam de um consolo...

Foi assim que sempre fiz por opção e também por a minha vida o permitiu fazer.


Os meus filhos nunca usaram chucha porque sempre mamaram demais para conseguirem agarrar a tetina da chucha.


Sempre lhes dei de mamar em qualquer lugar, acompanhada ou sozinha, em casa ou na rua. Nunca me senti envergonhada e nunca me incomodei com os outros poderiam pensar. 


Sempre tentei ser discreta mas nunca me escondi pois amamentar não é algo que deva ser feito às escondidas.



Posso certamente ter constrangido algumas pessoas mas, quando queremos alimentar ou acalmar o nosso filho, essas questões passam para segundo plano ou nem isso... simplesmente nada mais importa!



Não planeei nada. Simplesmente, a partir do momento em que o meu primeiro filho nasceu, passei a amamentá-lo espontaneamente, sem constrangimentos e sem pudor. 


Quando ele começou a crescer, começaram a surgir algumas conversas e comentários... "até quando mamaria?" "como seria para largar a mama?" "não seria prejudicial estar tão apegado à mãe?"


Como em tudo, aparecem sempre os "velhos do Restelo" a agoirar sobre o futuro... mas, felizmente, tudo correu bem... às vezes temos que confiar na Natureza!


O meu piolho mamou até aos 19 meses.


Por essa altura, eu já queria engravidar novamente mas não conseguia pois como dava de mamar tantas vezes ao dia... o meu corpo nem sequer se dava ao trabalho de ovular.


E foi então que, aos 19 meses, sem querer, tomei uma medicação cujas contra-indicações me impediam de amamentar durante duas semanas. Só soube disse depois de a tomar e por isso fui forçada a parar de amamentar.


Embora esse acidente tenha acontecido numa boa altura, uma vez que eu queria mesmo parar de amamentar para conseguir engravidar novamente, parecia pronunciar uma catástrofe já que o meu filho estava tão dependente da sua querida maminha.


No entanto, e ao contrário do que era de prever... o desmame foi muito fácil pois nessa altura fomos de férias de verão e o piolho adaptou-se bem a esta perda que se dissolveu na novas rotinas das férias.


A mama podia não estar lá mas a mãe estava e por isso não se viu privado do meu carinho, do meu colo, do meu amor...


E foi assim que, passados 2 meses já eu estava grávida do segundo piolho...


A relação com o meu filho mais velho manteve-se sempre forte... não era só eu e o papá que íamos ter um bebé... o bebé também ia ser dele!


Entretanto, enquanto o preparava para a chegada de um mano, mostrei-lhe fotografias de quando ele era bebé para que conseguisse perceber o que se aproximava.


Ao ver as suas fotos em pequenino a mamar, de repente lembrou-se da sua tão adorada maminha e lá começou ele novamente a mamar... (ainda que, nessa altura, eu já não tivesse leite).


Resultado... quando nasceu o segundo piolhinho, o mais velho ainda mamava!


Mal o segundo piolho nasceu, perguntei logo no bloco de partos se podia continuar a amamentar o mais velho (!!!) e as enfermeiras, muito práticas (como eu), disseram-me logo que sim, desde que o mais pequenino mamasse sempre até ficar satisfeito (!!!)


Quando o mais crescido me veio visitar à maternidade, para conhecer o seu maninho, assim que pôde veio para o meu colo mamar!... Deixou todas as pessoas da sala enternecidas!... E eu senti-me muito feliz por poder dar-lhe esse mimo!

E o que é certo é que, embora tenhamos sempre sido tão ligados um ao outro, ele reagiu sempre lindamente ao nascimento do mano e eu acredito que a mama o tenha ajudado muito nesse processo de adaptação à nova realidade.


Aliás, pela minha experiência, devo acrescentar que, para além dos benefícios mais evidentes que já conhecemos associados à amamentação, a mama tem tido, para os meus filhos, outros benefícios extraordinários.


Por exemplo, quando são pequeninos e ficam doentes, continuam sempre a mamar (e a alimentar-se) por muito mal que se sintam. Assim, "não se vão tanto abaixo".


Em situações complicadas, em que ficamos todos muito enervados e preocupados (ou porque se aleijam a sério ou porque estão bastante doentes), a mama consegue fazer "o milagre" de os acalmar (e a nós pais, também).


Quando o segundo piolho nasceu, eu achava que já o ia conseguir amamentar "com uma perninha às costas". No entanto, e mais uma vez, fui surpreendida!


Embora, ainda mal lhe tivessem cortado o cordão umbilical ele já estivesse à mama e a primeira pega tenha sido perfeita... nos primeiros dias, até à subida de leite, tive também que lhe dar suplemento tal como aconteceu com o irmão.


Mas, mais uma vez, depois do leite subir, o leite materno passou a ser o suficiente e passei a praticar a amamentação exclusiva. 


Entretanto, nos primeiros meses depois do segundo piolho nascer, o piolho mais crescido ainda foi mamando mas, depois, aos poucos e poucos lá foi desmamando... Às vezes ainda anda de volta da mama mas os quatro anos já o fazem ter alguma "vergonha na cara" e mamar já não está na sua lista de interesses.


Acho que isso demonstra que não vale a pena termos medo de dar de mamar até mais tarde...


Acho que hoje em dia está um pouco na moda querer tornar as crianças independentes o mais cedo possível.
Por um lado, por questões práticas pois as mães são quase sempre mulheres trabalhadoras.
Por outro lado, como queremos crianças bem sucedidas, parece errado mantê-las "debaixo das nossas saias"... Elas têm é que ir logo para as suas camas, o mais cedo possível para os seus quartos, habituar-se a estar sem os pais, habituar-se a ser independentes e desenrascadas!...

Eu acredito que há tempo para tudo... 
Os bebés precisam de muito mimo, de muito carinho, de muito contacto físico, de sentir o nosso amor e a nossa proteção.

Pessoalmente, acredito que a amamentação prolongada só tem contribuído para o fortalecimento da auto estima e da auto confiança dos meus filhos, ao contrário do que, mais uma vez, alguns "velhos do Restelo", agoiraram... 


O piolho mais pequeno já completou dois anos, ainda mama e ainda vai mamar durante bastante tempo (pelo menos até querermos um terceiro piolhito).

Já gosta muito de explorar o mundo e de fazer tudo o que o irmão mais velho faz mas de vez em quando lá se lembra de vir ter comigo e de reivindicar a sua mama.


Sei que o seu desmame vai ser diferente do desmame do irmão mas não estou preocupada com isso... tudo a seu tempo e sem stresse!


Fazendo um apanhado da minha experiência a amamentar, posso dizer que é muito melhor do que alguma vez imaginei (por muito que tenha lido sobre o assunto)!


Apesar de me expor bastante a amamentar para o mundo exterior (pois ainda hoje amamento publicamente o meu filho de dois anos), nunca tive nenhuma má experiência. Às vezes, as pessoas que olham mais espantadas são aquelas que supostamente têm uma mente mais moderna e aberta e aquelas que têm uma reação mais enternecedora e até incontrolável são sobretudo as mulheres mais velhas, que seriam, aparentemente, mais conservadoras.


É muito importante realçar que, independentemente da situação e das dificuldades que cada mulher enfrente, hoje em dia existem muitos mais apoios para que seja possível amamentar o seu bebé.
Disponibilizo, em baixo, uma lista que escolhi criteriosamente, que poderá ser útil a si ou a alguém que conheça:


- Projeto "Vamos dar de Mamar"

Equipa de profissionais de saúde, conselheiras, estudantes/estagiários e voluntários que disponibilizam Formação, Visitas Domiciliárias e linha telefónica



- Maternar

Rede de Apoio à Maternidade, constituído por voluntárias que oferece suporte local e informação relevante 


- Rede Internacional Pró-alimentação infantil 

Neste endereço eletrónico encontrará a lista de de conselheiras voluntárias IBFAN em Portugal


- Rede Nacional de Saúde Repreodutiva

Informação acerca da Rede de Cantinhos da Amamentação distribuída nos Centros de Saúde do e em algumas Maternidades que disponibiliza um serviço de acompanhamento presencial nas dificuldades de amamentação

- Facebook

Grupo "Mães OMS - Apoio à Amamentação"

Devo acrescentar que, o facto de os meus filhos terem um excelente Pediatra com quem posso sempre contar, que acompanha regularmente o crescimento e desenvolvimento dos meus filhos e que esclarece todas as minhas dúvidas, tem sido absolutamente essencial em todo este percurso.

Ele diz que os meus filhos têm muita sorte e nós... acreditamos! ^_^ 

Tem sido uma experiência maravilhosa, para mim, enquanto mulher. Vou ter muitas saudades destes tempos, um dia que deixe de amamentar (esse dia há de ter que chegar, eventualmente!...). 

Sem sombra de dúvida que é algo que fará sempre parte das nossas vidas. Minha e dos meus filhos mas do meu marido também!... Esta é a nossa história! 


Nunca me hei-de esquecer do meu filho mais pequeno que desde sempre para adormecer vai mamando e cantando!... Tal como o está a fazer neste momento! ^_^




2 comentários:

  1. Eu vivi os dois lados, tive minhas duas primeiras filhas e não consegui amamenta-las, não sei se porque eu era muito nova e ouvia muito os mas velhos me dizendo que o leite do peito não era o suficiente pra elas. Quando tive o terceiro filho um pouco mais velha, mais madura, tomei a decisão de só amamentar, e foi uma experiência incrível, tanto no contato com meu filho, no prazer de amamentar só de vê ele revirando os olhinhos quando dava a primeira puxada no peito, até na praticidade, com ele eu simplesmente saía com uma sacolinha com umas fraldas e pronto, nada se mamadeiras, latas de leite e etc. Se chorasse na rua o alimento ja estava pronto, na temperatura certa, e no " recipiente" perfeito. Meu filho mamou até eu engravidar do quarto, quando ele fez três anos fiquei grávida! E repetir a dose, só leite do peito nem água, nadaaaa, o quarto mamou até quase quatro anos!!
    Sofri muito pra tirar o peito dele, não sei quem sofreu mais eu ou ele!!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. obrigada por partilhar connosco a sua linda história! ^_^
      Realmente, há coisas que não dependem só da nossa vontade!... Com os seus quatro filhos acabou por viver experiências tão diferentes!
      Muitos parabéns pela família e td de bom! :-)

      Eliminar